Sem sombra de dúvida, Wynton Marsalis é um dos mais espetaculares músicos de Jazz de todos os tempos. Ainda que muitos o critiquem pela posição que atingiu no meio, chegando a "arbitrar" o que é ou não música de qualidade, seu potencial junto ao trompete o redime de qualquer tipo de ressentimento que possa surgir. Marsalis soube criar uma síntese qualitativa e sequencial do que trouxeram Louis Armstrong, Dizzy Gillespie, Miles Davies e outros grandes nomes da história deste gênero musical. Com o álbum "From The Plantation To The Penitentiary" (lançado em 2007), desfere um golpe certeiro nos ouvidos dos amantes do jazz, ao conceituar seu álbum no contexto histórico da vida do negro "da plantação para a penitenciária". Um ano depois do lançamento do disco, os EUA escolheram como seu representante máximo Barak Obama, um politico que representa o negro no poder e os processos de miscigenação como uma das principais características também da sociedade norte-americana (Obama tem pai queniano e mãe americana). O negro a quem Marsalis se refere está superlotando prisões e nelas vem sendo explorado pelo mesmo sistema capital de outros tempos (prisões são linhas de produção com mão-de-obra barata), configurando a continuidade de algo que incrivelmente passa despercebido ante a tantas "novidades" festivas. Sem querer me alongar, indico que ouçam a primeira música do álbum e tire você mesmo a conclusão sobre a qualidade musical, o nível do toque instrumental e o grau de dramaticidade da canção. E depois me diga se exagerei nos meus adjetivos.
Por A.Tardoque
Sobre Marsalis: http://www.wyntonmarsalis.org/
Livro: GUIA DO JAZZ, de Sérgio Karan, Editora L&PM, Porto Alegre, 1993. páginas 194-197
Ouça "From The Plantation To The Penitenriary" no Youtube:
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